Na cabana da montanha a lareira crepitava e espalhava-se no ar o cheiro da alfazema queimada!
As paredes e o tecto eram feitas de troncos e todo o mobiliário era de madeira rústica!
Tapetes de lã trabalhados em tear e a cobrir os velhos sofás estavam mantas de patchworks coloridas.
Havia 2 cadeiras de baloiço forradas com almofadas de lã coloridas e junto á lareira 2 enormes cestos continham troncos de lenha e outro com pinhas e galhos de urze, alecrim e alfazema.
Uma mesa com tampo corrido feito madeira tosca com os nós em bruto e até alguns buracos, de cada lado estavam 2 bancos de madeira corridos. Suspenso sobre a mesa um candeeiro de ferro com um peso em forma de pinha dava a luz necessária.
Num canto um velho aparador com loiça de barro, malgas e os indispensáveis copos de vidro grosso e tosco.
Havia também velhos candeeiros de petróleo e castiçais com velas espalhados por toda a casa.
A cozinha era pequena, um fogão a lenha uma bancada de mármore com lava-loiças também de mármore, uma mesa de trabalho ao centro e mais uma lareira pequena. E também a coisa mais moderna da casa um cilindro para aquecer a água para os banhos!
No andar de cima 2 quartos todos mobilados em madeira rústica, com cortinas de pano e colchas de lã, em cada um uma pequena lareira e uma janela/varanda que circundava quase toda a casa.
A vista, a vista eram as árvores, os montes, a neve e ao fundo um rio gelado, de quando em vez um veado e ao longe o uivo de um lobo!
A pequena casa de banho tinha uma banheira de pés! Isso, daquelas com 4 patinhas em forma de garras, todas em esmalte, que se forram com tecido para não se morrer de frio!
Acende-se uma salamandra horas antes e muitas velinhas....
Ela tomou o seu banho com calma, tinha todo o tempo do mundo!
Tinha o fim de um Ano e o começo de um outro só para si!
Acariciou-se, deixou que os seus dedos explorassem aquele corpo que tão bem conhecia, mas que cada vez que tocava descobria algo de novo nem que fosse uma sensação...
Lá fora os lobos uivavam, os machos chamavam as fêmeas, sedentos de sexo de luxúria...
Levada pelos uivos saltou da banheira e enrolou-se no roupão bem felpudo, colocou a toalha em volta dos cabelos e desceu para a sala. Serviu-se de um brandy e sentou-se confortavelmente no sofá!
Os olhos presos no fogo e a mente vagueava, solta.
Na sua mente ela era loba, loba Alfa esperando pelo macho Alfa corria solta pela neve, sem frio, sem receio, selvagem, apenas eles os Alfa!
Ela sabia que o macho Alfa é que escolhe a fêmea dentro de todas as da alcateia, mas quando se nasce marcada para fêmea Alfa eles bem que podem escolher pois já foram escolhidos e nem sabem.....
E enquanto o seu pensamento andava longe, a correr juntamente com os lobos sentiu bater na porta, primeiro com cuidado e depois com força.
Levantou-se e foi abrir...
Na entrada estava prostrado um enorme lobo todo negro, parecia ferido, cansado!
Ela teve receio mas algo lhe disse que ele não lhe faria mal e com cuidado pegou nele e deitou-o em frente ao lume, com uma toalha secou-o e tratou-lhe da ferida na pata.
Depois foi buscar carne que tinha para jantar e ajoelhou-se junto dele, com cuidado foi dando-lhe de comer, e ele aceitou com muito cuidado, apanhando os pedaços sem sequer lhe tocar nos dedos!
Quando terminou deitou a cabeça no colo dela e adormeceu!
Cansada ela acabou por adormecer também, enroscados, um no outro ficaram em frente da lareira!
Nessa noite ela teve sonhos, sonhos que não ousaria confessar a mais ninguém!
Sentiu prazer como nunca tinha sentido e aquele lobo nos seus sonhos não era um lobo mas um belo homem de olhos amarelos e corpo torneado, mão fortes, sexo rijo, língua meiga...
Quando acordou o lobo já lá não estava e ficou a pensar:
Terá sido do brandy, ou foi apenas uma partida da imaginação?!
Subiu para se vestir e quando enfiava a camisola reparou que tinha vários arranhões nas costas....
Desceu, arranjou uma caneca de café e veio até cá fora. O que viu deixou-a pasmada!
Em frente há cabana estavam vários lobos e ao fundo um grande lobo negro, olharam para ela uivaram baixinho e afastaram-se seguindo o grande lobo negro que coxeava!
Cicuta
Beijo Doce e até para o Ano
Tudo de bom para todos!
E mais não sei!
Eu já nem me atrevo nem a pensar quanto mais a escrever...
De qualquer modo:
Fodam muito!
Amem mais!
Sejam Marido e Mulher!
Mas sejam principalmente Amantes!
Inventem muito!
E vivam todos os dias como se fosse o último!!!!!
Beijo doce
Cicuta
As mulheres voam
como os anjos:
Com as suas asas feitas
de cristal de rocha da memória
Disponíveis
para voar
soltas...
Primeiro
lentamente: uma por uma
Depois,
iguais aos passaros
fundas...
Nadando,
juntas
Secreta: a rasar o
chão
a rasar a fenda
da lua
no menstruo:
por entre a fenda das pernas
Às vezes é o aço
que se prende
na luz
A dobrarmos o espaço?
Bruxas:
pomos asas em vassouras
de vento
E voamos
Como as asas
lhe cresciam nas coxas
diziam dela:
que era um anjo do mar
Rondo alto,
postas em nudez de ombros
e pernas
perseguindo,
pelos espaços,
lunares
da menstruação
e corpo desavindo
Não somos violencia
mas o voo
quando nadamos
de costas pelo vento
até à foz do tempo
no oceano denso
da nossa própria voz
Sabemos distinguir
a dormir
os anjos das rosas voadoras
pelo tacto?
Somos os anjos
do destino
com a alma
pelo avesso
do útero
Voamos a lua
menstruadas
Os homens gritam:
são as bruxas
As mulheres pensam:
são os anjos
As crianças dizem:
são as fadas
Fadas?
filigrama cintilante
de asas volteando
no fundo da vagina
Nadamos?
De costas,
no espaço deste século
Mudar o rumo
e as pernas mais ao
fundo
portas por trás
dobradas pelos rins
Abrindo o ar
com o corpo num só golpe
Soltas,
viando
até chegar ao fim
Dizem-nos:
que nos limitemos ao espaço
Mas nós voamos
também
debaixo de água
Nós somos os anjos
deste tempo
Astronautas,
voando na memória
nas galáxias do vento...
Temos um pacto
com aquilo que
voa
as aves
da poesia
os anjos
do sexo
o orgasmo
dos sonhos
Não há nada
que a nossa voz não abra
Nós somos as bruxas da palavra
Maria Teresa Horta
Misture um pouco de loucura, um pouco de amor e uma pitada de despudor...
Junte dois corpos seminus e que se encaixem na perfeição.
Pegue nos 5 Sentidos e na imaginação, junte tudo num espaço diferente e vá mexendo primeiro devagar com movimentos circulares e ritmados.
Com calma vá cheirado e lambendo, parando aqui e acoli, tendo especial atenção para certas zonas....
Pode misturar um pouco de vodka ou outra bebida e temperos variados...
Quando começar a "borbulhar", abrande o lume sem deixar de ir mexendo, envolvendo...
Demore o tempo que puder, quanto mais melhor, deixe apurar...
Levante o lume dê uns últimos retoques no tempero e deixe levantar fervura...e vir por fora!
Cicuta
Chove!
Chove a cantaros... its raining cats and dogs!
Tudo me vem ao pensamento!
Eu quero estar nua, no meio do campo!
Com relâmpagos e trovões!
E Tu és o tal que te arriscas por mim....
Vens de mansinho por entre a tempestade, dás-me a mão, um beijo!
Penetras-me devagar...criamos um elo, uma corrente!
Eu mexo-me com violência e tu reages entras em mim sem piedade!
Tudo aquilo é amor, dor, tesão fundir de corpos.... foder de almas!
O teu ser quente vem devagar para mim para terminar numa explosão quase vulcânica...
Somos como dois elos de corrente, mas não da mesma!
Separados, mas lado a lado, unidos, mas não juntos.....
Temos breves cruzamentos de linhas em que nos sobrepomos e por momentos somos um só, por breves segundos temos o mesmo rumo....
Cicuta