Domingo, 26 de Fevereiro de 2006
Combinamos encontrarmo-mos aqui.
Aqui no meio de tanta gente!
Somos apenas mais dois mascarados, no meio de tantos outros!
Sem grandes apresentações ou cerimónias damos as mãos e saímos para a rua!
Chove, chove com força, a água escorre pelas ruas levando toda a imundice do mundo, só fica a imundice das almas, dos corpos, dos pensamentos...
Entramos numa loja extra e compramos duas garrafas de whisky, saímos pra a chuva!
Enquanto percorremos as ruas beijamo-nos e apalpamo-nos de modo indecente, mesmo ordinário!
Por fim encontramos uma viela estreita, escura, com prédios decadentes e abandonados é aí que paramos!
Abro-te a braguilha e ele salta, cheio de pujança, meto-o na boca e sorvo-o como se fosse meu.
Metes-me os dedos por mim acima, ela está tão molhada como as ruas, molhada e sôfrega pelo desconhecido...
Meto o gargalo da garrafa na boca e bebo, fico com algum na boca e continuo o broche!
Deitas-me no chão imundo e mete-lo dentro de mim, forças as minhas pernas para o lado, e da tua cara escorre suor por entre a máscara!
Chove, chove cada vez mais forte e a água escorre pelos nossos corpos como um rio um rio sujo, mas nem isso nos faz parar. Os gemidos são abafados pelo barulho da chuva e das cornetas carnavalescas.
O carnaval ali é outro, é o carnaval dos animais!
Quando já não podemos mais vimo-nos mas eu tiro-o e faço-te vir para cima de mim, afinal eu não te conheço!
Tudo acabou, voltamos para a multidão e cada um segue o seu caminho, sempre de máscara pelo passeio fora, com o que resta da garrafa na mão!
A chuva lava o exterior, a chuva lava muita coisa, não tudo, mas muita coisa e nós éramos afinal:
Apenas dois mascarados à chuva!
Cicuta
Et: todos nós usamos uma máscara mas só alguns de nós a tiramos de vez em quando!
Quarta-feira, 22 de Fevereiro de 2006
Acorda!
Isso, olha em volta!
Não gostas do que vês?!
Pena...
Este vai passar a ser o teu novo mundo!
Frio, triste, cortante, agreste!
Este mundo sem cor, sem cheiro, sem Alma, só com dor!
Um mundo de desolação e ignorância, de desamor e falsidade!
Um mundo igual ao de tantos outros, um mundo de realidades...
Sente o frio do aço no corpo mas onde te vai marcar mais é na Alma, vai ser daí que nunca mais vai sair a marca!
Por muito que faças ela não sairá!
Sim! Vais lembrar-te de mim para todo o sempre!
Do mesmo modo como eu nunca me esquecerei de ti!
O ódio cultiva-se, com tanto carinho como o amor!
Alimenta-se, cuida-se, acarinha-se, deixa-se crescer...
E um dia o ódio devora o amor!
Tudo se modifica!
Para ti com amor...
Cicuta
Sexta-feira, 17 de Fevereiro de 2006
Quinta-feira, 16 de Fevereiro de 2006
Loucura
Leva-me para essas caves escuras e húmidas, com cheiro a bafio e a medo!
Amarra-me a essas grades imundas!
Rasga-me as roupas, mas não me arranques a lingerie, estraga-a corta-a com os dentes!
Passa a tua faca afiada no meu peito só até vincar!
Ata-me as mãos!
Prende-me os pés bem afastados!
Insulta-me, atira-me com a água gelada directamente no corpo sem dó nem piedade, não ligues aos meus lamentos!
Penetra-me com algo frio e duro, mas não me toques nem com um dedo, não me dês um pouco que seja do teu calor, do teu odor!
Puxa-me o cabelo, puxa-o como se o fosses levar contigo!
Deixa-me desnuda e descomposta, depois de teres vindo para cima de mim!
Vais ouvir-me gritar, uivar de raiva, por estar amarrarada e não te poder beber!
Mas vai-te e não olhes para trás principalmente não me toques, pois o aroma que sentes não é do mel é do veneno que a minha pele destila!
Deixa-me sem pena á mercê de algum animal faminto ou de algum incautco do qual farei a minha presa!
De Ti só quero o prazer, a volúpia, a loucura, mas terás sempre de me manter acorrentada!
Se um dia falhares eu Devoro-te!
Cicuta
Sexta-feira, 10 de Fevereiro de 2006
Amo-te!
Tão simples quanto isto, apenas Amo-te!
Amo o teu cheiro!
Amo o teu porte!
Amo a tua sensibilidade!
Amo a tua presença e a tua ausência!
Amo o teu sorriso e a tua expressão de zangado!
Amo quando me tomas nos braços e entras em mim!
Amo quando o teu suor se mistura com meu!
Amo quando caímos no chão de tão exaustos que ficámos!
Amo quando dizes És minha, vou foder-te sem dó nem piedade!
Amo quando me marcas o corpo com as tuas dentadas!
Amo quando entras na minha casa e fazes como se fosse tua!
Amo quando olhas para mim!
Amo quando passas os dedos pelos meus cabelos, quando mos cheiras!
Amo o teu ar desconfiado mas curioso com as minhas invenções!
Amo o teu dormir tranquilo e o teu acordar desenfreado!
Amo quando me excitas só pelo poder da tua voz!
Amo-te como se existisses e Amar-te-ei quando um dia fores real...
Cicuta
Terça-feira, 7 de Fevereiro de 2006
Vão e vêm mas raramente ficam.
São como folhas nas árvores quando se soltam no Outono... Esvoaçam pousando aqui e ali até se deterem no chão!
Ficam escritos nas páginas de um diário ou na nossa mente e um dia resumem-se a meros apontamentos guardados numa caixa de recordações.
Misturam-se uns com os outros e com tantas outras recordações...
Não são como as imagens que se guardam num álbum e que se saber não sair dali, sabemos que perdem a cor mas estão lá!
São meras figuras de papel que um dia por nós passaram, com mais ou menos marcas, mas são apenas memórias de tempos idos.
Nunca se sabe se sentem ou não, se foram reais ou sonho...
Perdem-se no ar!
São apenas: