Terça-feira, 10 de Junho de 2008

Sonhos?!

Na cabana da montanha a lareira crepitava e espalhava-se no ar o cheiro da alfazema queimada!

 

As paredes e o tecto eram feitas de troncos e todo o mobiliário era de madeira rústica!

 

Tapetes de lã trabalhados em tear e a cobrir os velhos sofás estavam mantas de patchworks coloridas.

 

Havia 2 cadeiras de baloiço forradas com almofadas de lã coloridas e junto á lareira 2 enormes cestos continham troncos de lenha e outro com pinhas e galhos de urze, alecrim e alfazema.

 

Uma mesa com tampo corrido feito madeira tosca com os “nós” em bruto e até alguns buracos, de cada lado estavam 2 bancos de madeira corridos.

 

Suspenso sobre a mesa um candeeiro de ferro com um peso em forma de “pinha” dava a luz necessária.

 

Num canto um velho aparador com loiça de barro, malgas e os indispensáveis copos de vidro grosso e tosco.

 

Havia também velhos candeeiros de petróleo e castiçais com velas espalhados por toda a casa.

 

A cozinha era pequena, um fogão a lenha uma bancada de mármore com lava-loiças também de mármore, uma mesa de trabalho ao centro e mais uma lareira pequena. E também a “coisa” mais moderna da casa, um cilindro para aquecer a água para os banhos!

 

No andar de cima 2 quartos todos mobilados em madeira rústica, com cortinas de pano e colchas de lã, em cada um uma pequena lareira e uma janela/varanda que circundava quase toda a casa.

 

A vista, a vista eram as árvores, os montes, a neve e ao fundo um rio gelado, de quando em vez um veado e ao longe o uivo de um lobo!

 

A pequena casa de banho tinha uma banheira de pés! Isso, daquelas com 4 patinhas em forma de garras, todas em esmalte, que se forram com tecido para não se morrer de frio!

 


Acende-se uma salamandra horas antes e muitas velinhas....

 

Ela tomou o seu banho com calma, tinha todo o tempo do mundo!

 

Tinha o fim de um Ano e o começo de um outro só para si!

 

Acariciou-se, deixou que os seus dedos explorassem aquele corpo que tão bem conhecia, mas que cada vez que tocava descobria algo de novo nem que fosse uma sensação...

 

Lá fora os lobos uivavam, os machos chamavam as fêmeas, sedentos de sexo, de luxúria...

 

 

 

 

Levada pelos uivos saltou da banheira e enrolou-se no roupão bem felpudo, colocou a toalha em volta dos cabelos e desceu para a sala. Serviu-se de um brandy e sentou-se confortavelmente no sofá!

 

Os olhos “presos” no fogo e a mente vagueava, solta.

 

Na sua mente ela era loba, loba Alfa esperando pelo macho Alfa corria solta pela neve, sem frio, sem receio, selvagem, apenas eles os Alfa!

 

Ela sabia que o macho Alfa é que escolhe a fêmea dentro de todas as da alcateia, mas quando se nasce marcada para fêmea Alfa eles bem que podem escolher pois já foram escolhidos e nem sabem.....

 

E enquanto o seu pensamento andava longe, a correr juntamente com os lobos sentiu "bater" na porta, primeiro com cuidado e depois com força.

 

Levantou-se e foi abrir...

 

Na entrada estava prostrado um enorme lobo todo negro, parecia ferido, cansado!

 

Ela teve receio mas algo lhe disse que ele não lhe faria mal e com cuidado pegou nele e deitou-o em frente ao lume, com uma toalha secou-o e tratou-lhe da ferida na pata.

 

Depois foi buscar carne que tinha para jantar e ajoelhou-se junto dele, com cuidado foi dando-lhe de comer, e ele aceitou com muito cuidado, apanhando os pedaços sem sequer lhe tocar nos dedos!

 

Quando terminou deitou a cabeça no colo dela e adormeceu!

 

Cansada ela acabou por adormecer também, enroscados, um no outro ficaram em frente da lareira!

 

Nessa noite ela teve sonhos, sonhos que não ousaria confessar a mais ninguém!

 

Sentiu prazer como nunca tinha sentido e aquele lobo nos seus sonhos não era um lobo mas um belo homem de olhos amarelos e corpo torneado, mão fortes, sexo rijo, língua meiga...

 

Quando acordou o lobo já lá não estava e ficou a pensar:

 

Terá sido do brandy, ou foi apenas uma partida da imaginação?!

 

Subiu para se vestir e quando enfiava a camisola reparou que tinha vários arranhões nas costas....

 

Desceu, arranjou uma caneca de café e veio até cá fora. O que viu deixou-a pasmada!

 

Em frente da cabana estavam vários lobos e ao fundo um grande lobo negro, olharam para ela uivaram baixinho e afastaram-se seguindo o grande lobo negro que coxeava!

 

 

 

 

 

 

 

 

Cicuta


publicado por Cicuta às 21:40
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