Quarta-feira, 15 de Março de 2006
A casa erguia-se majestosa, com as suas colunas de pedra e as janelas altas, tão altas que toda a luz entrava por elas sem qualquer cerimónia, não fossem os pesados reposteiros de veludo a impedirem-no.
A porta era maior ainda e quando aberta de par em par cabia por ela uma pequena carruagem...
Tudo era enorme naquele tempo, os móveis eram enormes os lustres, os tectos, as escadarias, até a vaidade humana era enorme!
Uns tudo tinham, outros quase-nada!
Nos terrenos circundantes havia flores, arbustos e as árvores, aquelas árvores lindas que só o Sul tem!
Ela nunca se lembrava do nome delas, mas sempre lhe lembraram mulheres com véus, véus que ondulavam na brisa quente do Verão.
Gostava de se deitar debaixo delas, de uma delas em particular. De uma mais afastada da casa grande, mas mais próxima das habitações dos escravos.
Ela nunca entendera muito bem aquela coisa dos escravos, como é que um Homem podia ser dono de outro Homem... Mas todos tinham os seus escravos e todos os escravos eram negros e todos os donos brancos.
Em casa diziam-lhe que brancos e negros não se misturam!
Mas ela sabia ser tudo mentira, pois por várias vezes nas suas fugas nocturnas para ver as festas deles ela vira os brancos junto com as negras.
Numa noite de calor deitou-se debaixo da sua árvore e ficou a vê-los dançar apenas iluminados pela lua e pelas fogueiras que sempre tinham acesas. A música envolvia-os e os seus corpos negros estavam brilhantes pelo suor, as roupas coladas.
Nelas, as saias, subiam deixando as penas perfeitas á mostra e os corpetes de algodão branco tornaram-se transparentes e colados ao peito deixando os mamilos a descoberto.
Eles tinham o tronco nu perfeito, quase sem pelos e brilhantes como ébano, alias totós eles pareciam estatuas de ébano animadas!
O modo como roçavam os corpos uns nos outros, as mãos, aos rostos tudo aquilo envolto pela lua pelas chamas e pelos cheiros do mato estavam a deixa-la tonta...
Ela só deu por si já molhada, mas só sabia que não fizera xixi...
O que seria?! Confusa, levou a mão até si e cheirou, não, não cheirava a xixi!
E era macio, aveludado, e quando se tocou todo o seu corpo foi percorrido por uma corrente como os raios que via no céu...
Voltou a colocar lá a mão e fez uma festa. Novamente aquela sensação de frio e calor por ela acima... Continuo e quanto mais mexia mais molhada ficava e mais quente se sentia....
As pernas tremiam-lhe e cada vez lhe dava mais prazer observar as danças, devagar meteu a outra mão no peito e sentiu-o tão duro como os das mulheres que dançavam um pouco mais à frente.
E foi assim que gemendo juntamente com elas e debaixo da mesma lua, no brilho da mesma fogueira ela se aproximou um pouco mais do que era ser Mulher!
E regressou a casa com uma coisa certa na mente, o prazer de ser Mulher não tem cor!
Cicuta